
Os antigos romanos cultuavam uma divindade bifronte chamada Jano [ou Janus]. Ele era considerado como o guardião dos portões celestiais e o fato de ter duas cabeças olhando em direções opostas se devem à sua função, responsável por cuidar do passado e do futuro, do início e do fim. Eram colocados seus rostos nas portas das casas, um rosto para dentro e outro para fora. Janus era bem popular, pois era uma divindade protetora dos lares. Ele abria as portas para o ano que se iniciava e com isso fechava as portas para o ano velho.
Por isso, não é à toa que Janeiro é o mês de homenagem a Janus, pois olhamos para o ano que passou e projetamos o ano novo que se inicia. Essa idéia de renovação é inerente ao ser humano. Queremos esquecer os maus momentos, corrigir os erros, apagar as más lembranças. Jogamos tudo de mal na lixeira do “ontem”. Por outro lado, olhamos para o ano que se inicia com otimismo. Queremos acertar, atingir metas, resolver o que ficou pendente.

Particularmente, acho muito boa essa imagem que os antigos faziam sobre o tempo e sobre a vida. Embora seja uma abordagem baseada na mitologia, ela concentra nossas idéias de renovação, mudança, transição, início e fim. Nesse caso, seria entediante se o tempo fosse encarado de modo linear. Não devemos ser cientificamente corretos o tempo inteiro.